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Na expressão do pensamento, no equilíbrio físico e emocional, na angústia e comoção o presente trabalho alude a um corpo comum no limbo. Entre o presente e o ausente, o externo e o íntimo, ou entre superfície e o profundo. Interessa espectar pelo momento de introspeção, de (auto)conhecimento e (des) construção pessoal. Quanto tempo temos para pensar?
Num exercício, temporal, de fotografar diferentes pessoas ao longo de uma hora em silêncio, procuro um padrão da reflexão interior. Do primeiro instante de tensão, ao crescente desconforto até à alienação, resignação face ao hiato imposto. O olhar muda, o corpo irrequieto deambula, a atenção dispersa. A calma impera e acaba por se apoderar, perde-se a noção de tempo e as pessoas fundem-se com o espaço.
“Do meu ponto de vista, o que se passa é que alma e o espírito, em toda a sua dignidade e dimensão humana, são os estados complexos e únicos de um organismo. Talvez a coisa que se torna mais indispensável fazermos, enquanto seres humanos, seja a de recordar a nós próprios e aos outros a complexidade, a fragilidade, a finitude e a singularidade que nos caracterizam.“ Damásio, A. (2011). O Erro de Descartes. Temas & Debates.
O propósito de eu não costumava pensar é captar o invisível em nós, o instante em que entramos numa viagem ao nosso subconsciente. Emerge neste retrato comum uma oportunidade de autoconhecimento partindo numa viagem por estados de alma.
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In the expression of thought, in physical and emotional balance, in anguish and commotion, presence in "eu não costumava pensar" alludes to an ordinary body in limbo. It is dazzling to look at the moment of introspection. (Self)knowledge and personal (un)construction take place when the mind flows to distant, inward spaces. In bare duration, bounded by the present and the absent, between the external and the intimate, amid surface and depth, suspension looms. How much time does one get to be with oneself?
The title of this essay comes from a confession. "eu não costumava pensar" is the perplexed acknowledgement of an obscured window to a private landscape. In the temporal exercise of photographing different people during one hour of silence, I search for a pattern of inner reflection. From the first instant of tension, to a growing discomfort and alienation, until resignation in face of the imposed hiatus, the gaze changes. The restless body wanders and attention disperses.
"From my point of view, what is happening is that soul and spirit, in all their dignity and human dimension, are the complex and unique states of an organism. Perhaps the most indispensable thing for us, as human beings, to do is to remind ourselves and others of the complexity, fragility, finitude, and uniqueness that characterize us." Damasio, A. (2011). Descartes' Error. Themes & Debates.
The purpose of "eu não costumava pensar" is to capture the invisible in us: the instant we enter a journey into our interiority. Emergent in this common portrait is an opportunity for self-examination, a breach leading to a journey through states of soul.